O
Brasil recicla cerca de 17,4% do plástico pós-consumo.
Embora pareça tímido, o índice
calculado por uma pesquisa da Plastivida (comissão
interna da Associação Brasileira da Indústria
Química) é vista de forma positiva pelos
especialistas. Mas mesmo o otimismo dos números
não apaga uma questão alarmante: E os
outros 82,6% de plástico não-reciclado?
O que fazer com essa montanha de lixo gerada todos os
dias?
A
reutilização do material plástico
é então, um tema de grande importância,
não somente pela sua possível contribuição
econômica dentro de um processo produtivo, como
também devido à redução
do impacto ambiental gerado pela quantidade de resíduo
plástico produzido. Na região do Vale
do Rio Pardo, ações concretas de reciclagem,
em especial de material pós-consumo, estão
ainda em fase de implantação, com a existência
de algumas recicladoras e de associações
de catadores e triadores.
Alguns
dos principais entraves para o aumento das atividades
de reciclagem podem ser resumidos nos tópicos
a seguir: a) Falta Incentivo fiscal: O Imposto sobre
Produtos Industrializados, IPI, é cobrado em
percentagem superior no caso de plásticos reciclados,
quando comparado com a matéria-prima virgem;
b) Aquisição de matéria-prima:
A falta de um gerenciamento integrado do lixo prejudica
o fornecimento de material a ser reciclado com uma freqüência
necessária para a produção não
parar; c) Tecnologia: A falta de tecnologia adequada
causa problemas, como por exemplo, gastos excessivos
de energia e de água e altos custos ligados à
produção; d) Qualidade do material reciclado:
Alguns produtos entram no mercado sem qualidade, o que
conduz a desconfianças na aquisição.
Isso, também, vem prejudicar as empresas do ramo
que trabalham seriamente; e) Mercado consolidado: Há
poucos mercados diferenciados para materiais reciclados.
Considerando
a atualidade do tema, a necessidade de desenvolvimento
de pesquisas na área e as condições
de pessoal e infraestrutura existentes na UNISC, foi
criado em 2000, através de um edital interno,
o Grupo de Pesquisa em Reciclagem de Plásticos.
O grupo é multidisciplinar, constituído
por profissionais das áreas de Engenharias, Química,
Física e Economia.
Os
objetivos principais do grupo são:
Estudar
métodos e técnicas de reciclagem de plásticos,
bem como sua viabilidade econômica e possibilidades
de aumento do valor agregado do produto reciclado;
Verificar
em nível Regional, o destino que é dado
aos resíduos sólidos, dando ênfase
aos plásticos e colaborando em ações
na educação ambiental;
Avaliar
as propriedades Físico-Químicas e Mecânicas
do produto reciclado obtido;
Contribuir
com o desenvolvimento regional, através da transferência
de Tecnologia para a comunidade.
Desde
a sua criação foram desenvolvidas ações
de nível acadêmico como, a capacitação
dos pesquisadores e dos bolsistas de iniciação
científica, através da execução
de projetos de pesquisa com financiamento externo e
participação em eventos científicos
e, de repercussão para a comunidade regional
como, a realização de um Ciclo de Debates
sobre o tema.
Através
do Pólo de Modernização Tecnológica
do Vale do Rio Pardo (Programa da Secretaria de Ciência
e Tecnologia do Estado - SCT-RS), o grupo tem
participado de atividades em assessoria a profissionais
da comunidade visando o atendimento de demandas regionais
na área de reciclagem, bem como, no atendimento
de solicitações de atividades de extensão.
O
encaminhamento (com aprovação) dos projetos
de pesquisa a seguir relacionados demonstra, o engajamento
do grupo e a busca para financiamento de suas pesquisas:
"Estudo da utilização de plástico
reciclado para revestimento de habitações"
- Convênio com a Prefeitura Municipal de Santa
Cruz do Sul, apoio financeiro FAPERGS/ Prefeitura/UNISC;
"Reciclagem de Plásticos" - apoio Secretaria
de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio Grande
do Sul - Programa de apoio aos Pólos de Modernização
Tecnológica/ UNISC; Estudo de blendas PP/PE pós-consumo
- apoio UNISC/CNPq; Fabricação de
tensores fisioterápicos com plástico reciclado
- apoio UNISC. A figura 1 abaixo, mostra alguns dos
produtos obtidos de material reciclado, que estão
sendo estudados pelo grupo.
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Tensores
para exercícios fisioterápicos |
Porta cartões
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Figura
1 - Produtos com plástico reciclado.
A
existência deste grupo pode ser considerada um
fator importante para a alavancagem desta atividade
produtiva. Além disso, a formação
de uma rede integrada composta de Universidade, organizações
não governamentais, governo e recicladores apresentam-se
como uma proposta de ação conjunta, onde
o maior beneficiado será a sociedade, e a indubitavelmente,
o meio ambiente.
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